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Tratamentos livres de produtos químicos é alternativa para produtores de cebola

  • 22/01/2016
  • Pesquisadores avaliaram que oléo de capim-limão é a espécie mais indicada para desinfetar sementes de cebola contaminadas com uma espécie de fungo.

A partir da demanda do setor orgânico por sementes de hortaliças livres de produtos químicos, pesquisadores da Embrapa avaliaram tratamentos alternativos baseados na aplicação de óleos essenciais de plantas aromáticas e descobriram que o capim-limão é a espécie mais indicada para desinfetar sementes de cebola contaminadas com uma determinada espécie de fungo. O produto natural pode ser alternativa a produtores orgânicos ou que tenham restrições para usar fungicidas.

"Além de não comprometer o potencial germinativo da semente de cebola, o óleo de capim-limão inibiu em 100% a germinação dos esporos do fungo", quantifica a agroindustrial Maria Isabel Lozada, estudante de mestrado da Universidade de Brasília (UnB) e bolsista da Embrapa Hortaliças, para quem o óleo pode ser considerado uma alternativa promissora para o controle desse microrganismo nocivo à qualidade das sementes de cebola.

Trata-se de um fungo que, nas épocas quentes e chuvosas, causa uma doença bastante destrutiva chamada de antracnose ou mal-de-sete-voltas. Além de ocasionar lesões nas folhas da cebola, essa doença afeta os bulbos, que podem apresentar má-formação e, nos casos mais extremos, podridão. Mesmo quando a planta resiste ao microrganismo, os bulbos de cebola não atingem o padrão comercial do mercado.

"Esse fungo pode deteriorar a semente no armazenamento, inviabilizando sua germinação ou a emergência da planta que, caso se desenvolva, pode manifestar a doença e comprometer a produção", explica o pesquisador Warley Nascimento, da área de Tecnologia de Produção de Sementes, que lidera o projeto de pesquisa.

Geralmente, para controlar esse microrganismo aplica-se nas sementes de cebola, antes de efetuar a semeadura direta no campo, um tratamento convencional à base de fungicidas de amplo espectro de ação. Contudo, na busca por métodos alternativos para o sistema orgânico, foram testados óleos essenciais de cinco espécies: manjericão, sálvia, tomilho, citronela e capim-limão. "Os tratamentos alternativos com os óleos essenciais dispensam a utilização de fungicidas e propiciam melhor qualidade de vida para os produtores rurais", pondera Nascimento ao informar que esse método é indicado para a agricultura familiar, mas também pode ser utilizado no sistema convencional para minimizar a dependência de insumos químicos.

Foram analisadas diferentes concentrações dos óleos essenciais diluídos em água para identificar não somente o melhor óleo, mas a dose ideal para que o fungo seja eliminado sem prejuízo da germinação da semente de cebola.

As concentrações mais altas, de quatro mil a oito mil partes por milhão (ppm), foram descartadas porque inviabilizaram a perfeita germinação das sementes de cebola. Logo, as demais análises tiveram continuidade somente com as diluições de mil e dois mil ppm. "Após ajustar a dose, também estudamos os efeitos dos óleos essenciais em relação a vigor e resistência, além de outras características referentes à qualidade fisiológica da semente", complementa.

Considerando que o padrão para a comercialização de sementes de cebola no País estabelece um percentual mínimo de 80% de germinação, todos os óleos analisados ficaram acima desse valor. A semente embebida em óleo de capim-limão foi a única que apresentou taxa de germinação superior à obtida pela semente não tratada, alcançando 97% de germinação.

O efeito dos óleos essenciais

O tratamento de sementes tem dois objetivos principais: desinfestar a semente e protegê-la de microrganismos prejudiciais presentes no solo. O papel do óleo essencial atende o primeiro objetivo, uma vez que ele elimina o microrganismo que está aderido à superfície da semente. "Os óleos essenciais não apresentam efeito residual a ponto de blindar a semente no solo, mas eles têm muito mérito ao garantir uma semente sadia e livre de contaminantes", analisa o pesquisador da Embrapa Ricardo Pereira, da área de Fitopatologia.

Os óleos essenciais possuem compostos químicos que exercem efeito tóxico no fungo que prejudica as sementes de cebola. Os tipos e as quantidades desses compostos são variáveis em cada óleo, por isso eles apresentam resultados diferentes no tratamento das sementes. De acordo com Maria Isabel, não necessariamente a ação desinfetante do óleo de capim-limão se dá pela presença de uma substância majoritária, mas sim pela combinação dos compostos químicos.

Na próxima fase da pesquisa, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a equipe pretende analisar o efeito dos óleos essenciais em sementes de outras dez espécies de hortaliças, entre elas alface e cenoura, tanto para tratamento contra fungos quanto para bactérias.

Fonte: Embrapa

 

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