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Painel discute apicultura no Mato Grosso do Sul

  • 01/02/2016
  • Entre os temas tratados, o papel da abelha na polinização, como auxiliar na produção de frutas e grãos.

A importância das abelhas na produção agrícola foi tema do painel "Apicultura em Mato Grosso do Sul", realizado em Maracaju (MS). O pesquisador da Embrapa Pantanal, Vanderlei dos Reis, apresentou as oportunidades e os desafios para a atividade no Estado do MS. Gustavo Nadeu Bijos, do Senar/MS, falou sobre o desenvolvimento da apicultura em áreas agrícolas. Márcio Alexandre D. Menegazzo, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), falou sobre indicação geográfica e marcas: valorização da origem, qualidade e tradição.

"Em Mato Grosso do Sul, existem apicultores profissionais que vivem exclusivamente da atividade. É um exemplo de que nós temos um potencial de produção muito grande, embora ela, ainda, seja pequena. Hoje, existem cerca de 700 apicultores num Estado cuja população, em 2015, foi estimada pelo IBGE em mais de 2.650.000 pessoas", afirma Vanderlei dos Reis.

Segundo dados reunidos pelo pesquisador, os apicultores sul-mato-grossenses possuem cerca de 21 mil colmeias. Mais de 500 desses trabalhadores estão cadastrados na Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). De acordo com informações do IBGE, em 2014 o MS produziu cerca de 830 toneladas de mel. O Brasil, em 2013, produziu mais de 35 mil toneladas.

Para que o Estado tenha uma fatia maior dessa produção, Vanderlei dos Reis sugere investir em profissionalização. "Ter cursos de qualificação e capacitação é fundamental, assim como a integração com cursos de formação em todos os níveis", afirma. O pesquisador diz ainda que o pagamento por serviços ambientais e a apicultura migratória são alternativas para estimular a atividade no MS.

"O que eu vislumbro para o futuro é que apicultores de outras regiões, onde está havendo, por exemplo, problemas com o envenenamento de abelhas, queiram vir para Mato Grosso do Sul - principalmente com o advento da Identificação Geográfica (IG) do Mel do Pantanal ou pela presença de grandes áreas com eucaliptos ou nabo forrageiro", conta.

Segundo Vanderlei dos Reis, o pagamento por serviços ambientais, também, pode ser um atrativo para o produtor. "No nosso país, a polinização é usada em duas culturas: o melão, no nordeste, e as macieiras no Sul do Brasil, que, hoje, têm em torno de 40.000 colmeias disponíveis, exclusivamente, para a polinização. Os apicultores recebem em torno de R$ 40, R$ 50 por colmeia. Então, o montante é apreciável".

Com uma flora diversificada e áreas com grau de preservação elevado, Vanderlei dos Reis afirma que MS é um Estado muito promissor para a apicultura. "Mesmo tendo uma população pequena, a produção atual de produtos apícolas não é suficiente para atender à demanda estadual. Ou seja, tem bastante mercado para a atividade".

Polinização - Gustavo Nadeu Bijos, do Senar/MS, destacou a importância das abelhas para a polinização como auxiliar na produção de frutas e grãos no mundo e no país e citou alguns exemplos: melão no Nordeste, alfafa no interior de São Paulo (utilizada para alimentação de bovinos), maçã no Sul, entre outros. Segundo ele, a polinização também contribui com um aumento de 5 a 25% na produtividade da soja, e de 5 a 15% na produção de citrus.

Gustavo Nadeu Bijos destacou o café, que obteve um aumento de produtividade de 39% com a polinização das abelhas. "Temos ainda exemplos bem sucedidos de polinização de morangos em estufa, com apis mellifera (abelhas sem ferrão)", exemplificou.

Ele falou da campanha "Sem abelhas, Sem alimento", que reúne inúmeras informações, que pretendem contribuir com a proteção às abelhas na América Latina.

Certificação – Com o objetivo de proporcionar a valorização da origem, a qualidade e a tradição de alguns produtos, Márcio Alexandre D. Menegazzo, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), falou sobre indicação geográfica e marcas. Ele explicou que, no Mato Grosso do Sul, desde o ano passado, dois produtos obtiveram a Certificação de Indicação de Procedência: Mel do Pantanal, desde março e a Linguiça de Maracajú, desde novembro de 2015.

"Produtos com Selo de certificação geográfica passam a obter um novo conceito, que proporciona agregação de valor, promoção comercial, garantia de autenticidade, promoção do desenvolvimento regional, além da preservação da biodiversidade, do conhecimento tradicional e dos recursos naturais", disse Márcio Alexandre D. Menegazzo.

Em sua palestra, explicou ainda os passos necessários para obter o certificado de Indicação de Procedência e Indicação de Origem: 1º passo: Organização dos produtores da região em uma associação. 2° passo: Levantamento histórico-cultural. 3º passo: Construção de um regulamento técnico (objetivando garantir a qualidade e a padronização dos alimentos produzidos). 4º passo: Criação de um conselho regulador (que vai fiscalizar se as normativas regulamentares estão sendo cumpridas). 5º passo: Encaminhar a solicitação de reconhecimento ao INPI.

Fonte: Embrapa

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