São Paulo tem 4,6 mil abrigos de morcegos hematófagos cadastrados - TV Sítio

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São Paulo tem 4,6 mil abrigos de morcegos hematófagos cadastrados

  • 24/02/2016
  • 1.341 propriedades registraram ataque de morcegos em herbívoros, no último ano.

Entrar em bueiros, tocas, casas abandonadas, caminhar quilômetros mata adentro, atravessar rios equilibrando-se em cordas, descer montanha de rapel munidos de redes neblina, lanternas, luvas, óculos de proteção, máscaras, botas e puçás, depois armar a fina rede e esperar anoitecer.

Essa é a rotina das equipes de técnicos agrícolas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que atuam junto à Coordenadoria de Defesa Agropecuária e realizam o trabalho de monitoramento e controle dos abrigos do morcego hematófago (Desmodus rotundus) que se alimenta de sangue e pode transmitir a raiva aos animais.

No estado de São Paulo estão cadastrados 4.610 abrigos, sendo 3.971 classificados como abrigos artificiais, que são os construídos pelo homem, como casas abandonadas, pontes, bueiros, tubulações em rodovias, túneis, minas e 639 classificados como naturais, como tocas, grutas, cavernas e ocos de árvores.

Em 2015 foram atendidas 5.939 propriedades, sendo 1.341 com registro de ataque de animais pelo morcego hematófago e destas, 144 com diagnóstico confirmado da raiva em herbívoros que ocasionou a morte 150 animais (principalmente cavalo, bovino e carneiro).

As propriedades rurais visitadas e fiscalizadas pelas equipes da Defesa Agropecuária pertencem aos Escritórios de Defesa Agropecuária (EDAs) de Piracicaba (625), Bragança Paulista (490), Botucatu (482), Jaú (421), Marília (392) e Franca (335).

“Nas visitas, os técnicos orientam sobre o controle da doença, o uso da pasta vampiricida nos animais que apresentam mordeduras por morcegos e a vacinação em regiões de risco. É importante lembrar que os morcegos não devem ser manipulados. O criador ao notar mordeduras nos animais deve comunicar ao órgão oficial de defesa”, orienta o médico veterinário da Secretaria Paulo Antonio Fadil, que na Coordenadoria de Defesa Agropecuária é responsável pelo Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros e coordena as equipes de controle.

Das 1.125 capturas realizadas em 2015 pelas equipes, 214 foram noturnas ou na fonte de alimentação, como eles dizem, nos refúgios onde os morcegos esperam anoitecer e se preparam para atacar. Nessa atividade os técnicos agrícolas armam as redes neblina, que são finas, quase imperceptíveis, e específicas para esse fim, e esperam que os morcegos saiam para se alimentar com o sangue dos animais do local.

Durante todo o ano, 7.990 morcegos hematófagos foram capturados. Alguns exemplares foram encaminhados para o Instituto Biológico de São Paulo para diagnóstico da raiva e parte recebeu tratamento com pasta vampiricidas e foram soltos para retornar à suas colônias. Como os morcegos têm o hábito de lamberem um ao outro, eles contaminam outros da espécie, reduzindo a população e os ataques.

O trabalho de controle do Desmodus rotundus deve ser realizado por pessoal habilitado e imunizado, com conhecimento para a identificação dos morcegos capturados e pelo alto risco de contrair a doença. A preocupação é com a sanidade dos rebanhos e proteção à saúde do produtor rural e sua família, lembrando que a escassez da oferta de alimentos em seu habitat natural é que leva os morcegos hematófagos a atacar as criações.

Sempre que há uma suspeita ou diagnóstico positivo para raiva animal, uma equipe de controle é mobilizada para realizar a fiscalização no local do foco e do perifoco, que é a região delimitada de 15 a 20 quilômetros da ocorrência, e feita a comunicação ao órgão de Saúde para prestar atendimento às famílias.

CONTROLE - O controle populacional dos morcegos hematófagos é de extrema importância, pois esses animais são transmissores da raiva, uma zoonose grave e letal para os animais e seres humanos. No meio rural, os animais mais comumente afetados pela raiva são os bovinos e equídeos, mas todos os mamíferos são suscetíveis à doença.

Estes animais, quando doentes, apresentam sinais neurológicos, sendo que os mais comuns são a paralisia dos membros, a agressividade e a salivação.

Apesar da vacinação contra a raiva não ser obrigatória, é recomendado que os produtores rurais vacinem os animais dos rebanhos nas regiões onde existe ocorrência endêmica da doença e onde o relevo regional favorecer a existência dos abrigos para o morcego transmissor.

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento SP

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