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Pesquisa desenvolve embalagens anatômicas para frutas

  • 21/03/2016
  • Feitas de poliuretano e fibras vegetais, embalagens para frutas, que acompanham o formato de seu conteúdo, são capazes de evitar lesões de transporte e a consequente perda do produto.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), cerca de um terço da produção de alimentos no mundo é perdido na distribuição ou desperdiçado no consumo. Mais da metade dessa perda ocorre na manipulação, armazenamento e comercialização.

O desenvolvimento de embalagens anatômicas para frutas foi uma das estratégias estudadas por uma equipe de 30 pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e Instituto de Macromoléculas (IMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para reduzir esses dados.

As novas embalagens, que devem estar disponíveis no mercado até o fim deste ano, geram menor impacto mecânico, manutenção da qualidade sensorial e aumento da vida útil das frutas. A tecnologia genuinamente brasileira já rendeu 39 patentes obtidas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) e recebeu o prêmio Food Packing Design (2013) na Alemanha.

As embalagens foram projetadas para atender, inicialmente, algumas frutas. "Escolhemos produtos com significativo volume de venda nacional e internacional, como manga e mamão, e também aqueles com importância econômica para o Estado do Rio de Janeiro, como caqui e morango", informou Antonio Gomes, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), um dos líderes do projeto. Essas frutas de diferentes formatos e tamanhos passaram por escaneamento 3D (tridimensional) no Instituto Nacional de Tecnologia (INT).

A partir desse trabalho, foram desenhados e elaborados modelos físicos em poliuretano expandido adicionado de fibras vegetais, considerando os formatos e os vários tamanhos dos frutos, de modo a facilitar o transporte, manuseio e exposição.

"Os modelos de embalagens permitem que esses frutos possam ser mais bem acomodados em bandejas, cujas cavidades foram especialmente desenhadas, o que reduz a ocorrência de injúrias mecânicas. Além disso, o design desse sistema de embalagens permite que ocorra maior ventilação dos frutos, promovendo a troca de gases com o ambiente, retardando seu amadurecimento e aumentando sua vida útil", informa Gil Brito, da Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT).

As embalagens de manga e mamão, que são anatômicas, possuem duas partes: uma termoformada e outra termoinjetada articulada, que pode ser fechada para ocupar menos espaço durante o transporte de retorno para o produtor. O desenho das embalagens levou em consideração o padrão internacional de pallets para transporte de cargas nacional e internacional. Termoformada é uma peça moldada por ação do calor, a termoinjetada é confeccionada por injeção de resina líquida em alta temperatura em um molde.

Proteção contra insetos

Agricultores familiares de Nova Friburgo, na região Serrana do Rio de Janeiro, testaram esse novo sistema de embalamento para o morango. "Essa embalagem é mais prática e higiênica, pois impede a entrada de insetos. Também protege mais o fruto, que é muito sensível", afirma Dacir Condak, responsável pela Associação dos Agricultores Familiares de Produtores de Morango de Nova Friburgo (Amorango).

Os estudos comprovaram que a utilização dessas novas embalagens anatômicas gera menor impacto mecânico (menos choques), melhor aspecto e aumento da durabilidade dos frutos. Segundo os pesquisadores, em mamão, as perdas pós-colheita observadas foram de apenas 2%, em vez de 25%, como normalmente ocorre.

Além de reduzir as perdas pós-colheita, as caixas anatômicas também geram eficiência ao trabalho de embalagem por acolher frutos de tamanhos variados. A classificação do produto por tamanho, cor e formato pode ser realizada diretamente pelo produtor no campo e ir direto para a comercialização. Se for para o "packing house" (casa de embalagens), o tempo dispendido no processo de embalamento das frutas é 50% menor com a nova tecnologia, segundo os pesquisadores.

Essas embalagens também são ecologicamente corretas, utilizando como matéria-prima fibras naturais, que foram desenvolvidas no Núcleo de Excelência em Reciclagem e Desenvolvimento Sustentável (NERDES) do Instituto de Macromoléculas da UFRJ. A equipe do laboratório trabalha para o desenvolvimento de tecnologias que priorizem a economia de matéria-prima e de energia com menor impacto ambiental.

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