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Arroz compõe parte dos ingredientes de um novo tipo de cerveja

  • 24/08/2015
  • A cultivar de arroz BRS AG, lançada pela Embrapa, faz parte da composição da bebida.

Na última semana foi realizado o IX Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (CBAI), em Pelotas/RS. Durante o evento foi lançada a cultivar de arroz BRS AG (o arroz Gigante). Embora, a cultivar seja destinada ao uso de bioetanol e à alimentação animal, foi possível demonstrar novas possibilidades para o produto: a elaboração de cerveja à base de arroz.
Enquanto acontecia a sessão de lançamento os congressistas de diversos locais do estado do país e estrangeiros puderam degustar de 60 litros da bebida artesanal.

A criatividade surgiu quando o técnico agrícola da Embrapa Alcides Severo, fez uma brincadeira. "O início foi um desafio entre estudantes. E comecei a me interessar pelo assunto, adquirir equipamentos e utensílios, fazer experiências em casa e a presentear amigos com o produto. Mais tarde, o que parecia distante do campo das ideias, tornou-se uma realidade, e hoje, me tornei um cervejeiro", falou.

A bebida foi produzida especialmente para o Congresso. Ela tem um estilo Cream Ale , uma cerveja clara, com aroma sutil, levemente frutada, com teor alcóolico de 4,4% e com um amargo levemente acentuado. O produto foi totalmente aceito e consumido pelos congressistas, além de ter despertado curiosidades.

A composição da cerveja artesanal elaborada pelo técnico leva três tipos de malte de cevada (60% da composição) e arroz BRS AG cru com casca (40% da composição). "A diferença na eficiência da conversão do amido, entre o arroz tipo agulhinha (longo fino) para a BRS AG (o arroz Gigante), resultou em quase mais de 10%", informou. Isso se explica pelo fato da BRS AG possuir alto índice de amido.

Ele explicou que a maioria das cervejas inclui em sua composição arroz e milho. "Principalmente nos Estados Unidos, a produção de cerveja possui uma composição com uma quantidade expressiva de milho", disse. Essas culturas são muito usadas como adjuntos na composição de suas receitas porque barateiam o custo do produto. No Brasil, algumas marcas também se utilizam de arroz na sua composição. "O uso de adjunto pode reduzir até 1/5 do valor em relação ao uso do malte", analisou. Mas, a presença de adjuntos não influencia nas probabilidades de embriaguês. "Todas têm teor alcoólico", ressaltou.

Para se produzir uma cerveja é preciso passar por várias etapas: brassagem, fervura, resfriamento, fermentação e maturação. O processo de produção de um tipo de cerveja pode levar de 30 a 45 dias.

Alcides Severo se dedica a produção artesanal há cinco anos e considera ter uma boa estrutura para a produção caseira. "Eu me envolvi tanto com esse negócio, que fiz vários cursos, já ministrei cursos em Pelotas. Hoje sou cervejeiro e associado à Acerva Gaúcha e participo de concursos nacionais de cerveja", contou entusiasmado. Em 2015, obteve o 6° lugar no Concurso Nacional de Acervas com o estilo Old Ale, dentro da categoria Strong Way, em Porto Alegre. Ele acrescentou que um dos ingredientes para produzir a bebida é o lúpulo. No entanto, este é todo importado e por essa razão, um cultivo, em propriedade particular, de lúpulo em caráter experimental, se tornou parte dos planos do técnico.

Atualmente, ele produz 24 estilos de cerveja, com diversas características e rótulos próprios. Mas, os produtos não estão à venda. São produzidos para juntar os amigos e aprender o que a bebida tem de bom. Para isso, surgiu a Confraria do Malte, onde se reúnem com frequência para comemorar a vida e saborear o que natureza oferece.

 

Fonte: Embrapa

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